segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"uma e ktorze"

Me cansei de letras e das minha tentativas de ser mais sonoro que um ornitorrinco. Tem chovido demais esses dias e tem uma goteira no meu quarto que deixa o chão todo molhado. Ainda não me adaptei ao horário de verão, ainda não me adaptei ao fato de estarmos em outubro, ainda não me adaptei a esse planeta.

Todas as musicas me parecem complicadas demais pra que eu possa fazer a minha musica existir, não encontrei um programa pra fazer musica no computador e nem o carregador da câmera digital, eu não tava inspirado pra tocar violão e sem paciência pros exercícios de bateria. Eu tava sóbrio demais pra conseguir entender o que eu estava querendo dizer.

Preciso de uma internet mais veloz, preciso de milhares de milhões de coisas e sempre vou precisar de mais e mais e mais. To teclando sem olhar pro teclado e pensando em um monte de coisas que eu queria ou deveria estar fazendo, depois de anos eu consigo fazer tudo isso ao mesmo tempo, isso me da esperança com relação a algum tipo de produção musical. Eu tenho falado muito de musica, eu tenho ouvido muitas musicas, eu tenho esperado pacientemente a minha vez de poder fazer musica do meu jeito.

Acabei de me lembrar que eu escrevi um texto ontem, vou procurar ele e publicar no blog.com, não consigo fazer textos pensando em letras de musicas. Hoje eu tive um monte de sonhos insanos e não faço a menor idéia do que eles queriam me dizer no fim das contas, de festinhas na casa de conhecidos enquanto eu fumava um cigarro com meu tio a um tipo de parada internacional de alguma coisa onde eu não conseguia respirar, passando por um ensaio com os caras da minha primeira banda e eu semi cego tocando guitarra. A noite foi bizarra, mas eu adoro quando é assim.

Os bumbos do Queens of the Stone Age são bizarros. Será que um dia eu vou conseguir fazer isso? Vou procurar o tal texto de ontem, não faço nem idéia do que ele diz, talvez ele me dê algumas dicas sobre os sonhos bizarros. Po, sabe que no fundo o texto teve a ver com os sonhos, engraçado isso né? Odeio esse corretor automático do Word, ta, é verdade que direto ele me ajuda em várias questões gramaticais, mas direto ele deturpa tudo o que eu quero dizer. Ah, e também deixa passar um monte de vacilos.

Quero fazer um som bem tranqüilo, relax, que vá crescendo e se expandindo, partindo prumas viagens experimentais muito loucas e termine bonito e novo. Quero uma sonoridade bem real, bem vida mesmo, sem regra, sem rumo, diversas vezes caótico, mas sempre chegando em uma conclusão. E nada de letras, eu to de saco cheio de palavras.

Isso aqui ta parecendo os exercícios que eu fazia quando tava me levando a serio como “escritor”. Saio escrevendo cada pensamento que eu tenho só pra exercitar mesmo, funciona e é bem legal também, é claro que isso depende do dia e de quem ta lendo, mas eu não escrevo nada pra quem ta lendo. Escrevo pra quem ta escrevendo. É, eu sou um puta dum egoísta mesmo.

Adoro textos sem titulo, mas também gosto de dar títulos aos textos, o problema é que as pessoas levam os títulos a serio demais, eu posso escrever sobre um amor e colocar o titulo do texto de: “Se houver violação confira a mercadoria no ato do recebimento.” E dessa forma posso colocar todo mundo pra pensar em qual pode ser essa violação ou esse ato de recebimento. Todos dois tem um certo teor sexual né? Mas na verdade isso tava escrito numa caixa que ta do meu lado e que chegou pelo correio. Isso é a vida! A vida é tudo, nada e principalmente qualquer coisa.

Prefiro não entrar no próximo assunto. Prefiro parar por aqui e começar a escrever alguma coisa digna. Se você perdeu minutos importantes da sua vida lendo isso, obrigado e volte sempre.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Como vão?

Como vão vocês? O mundo não parou nem um segundo desde que eu parti, as horas duraram dias na distância invisível que nos impediu de coexistir. Da janela que eu inventei; aquela que da pro quintal, eu pude ver a velocidade das suas maquinas, eu pude ver a voracidade das suas maquinas enquanto elas se alimentavam de cada um de vocês, enquanto elas se alimentavam de todos nós.

Olá. Como vão vocês? Os relógios seguem com seu tic-tac paranóico arrancando os cabelos e brotando rugas em suas faces. Não se preocupem é de praxe. Sabe que dá até pra discutir cada minuto que eu perdi daqui olhando prái. É, é sério, aqui as vezes é tão calmo que eu acho que estou num cemitério, e a riminha foi proposital, a gente fica bem mais piegas quando se esconde do mundo. Mas quer saber? Eu não to nem ai, literalmente eu não to nem ai.

Sabe que enquanto a lua passeava pelo meu céu cheio de estrelas eu lembrei de coisas que eu nem sequer imaginava ter vivido. Enquanto o sol brotava por de trás de uma montanha e eu matava o frio em mais um copo de café, pude ver que cada centímetro que nos separou foi em vão.

O nosso castigo somos nós mesmos. O nosso castigo somos nós e nossas merdas, nós e nossas fraquezas, nós e nossas malditas certezas. Nós e nossos julgamentos, nós e nossos critérios, nós e nossas divergências. Eu pensei que eu faria um mundo lindo se o fizesse sozinho, mas logo vi que não existe mundo de um só, não existe mundo de um só gosto, de uma só cor, de um só rito. E por mais que fossem belas aquelas visões, eu sabia que em nenhuma delas estava a solução pros meus problemas.

To aqui agora, de malas prontas pra encarar a vida. Sem rumo nenhum, sem certeza de nada, cheio de responsabilidades pra cumprir e contas pra pagar. Cheio de ter que ser o que eu não sou, cheio de ter que viver como eu não quero, cheio de tudo e de todos. Sabe que quando eu digo algumas dessas coisas, tudo o que eu vejo somos nós de frente prum espelho. Eu e vocês, eu e cada um de vocês, vocês e cada um de mim. É tudo mim, é tudo eu, é tudo assim pra nós?

As vezes algumas imagens vem na minha cabeça, um elevador, uma bateria, o céu cinza, meu celular tocando, um computador, um esquilo, uma arvore, uma cruz, um amigo... Coisas que eu guardo em mim sem nem motivo. Coisas que eu consumo a cada minuto de mim. E tudo o que eu queria era poder dizer tudo isso sem uma só palavra.

As vezes eu penso que tudo vai dar certo, que justamente por as linhas serem tortas o destino é divino. Mas admito que um medo sombrio me consome lentamente todos os dias enquanto eu rolo na minha cama esperando o sono chegar. Um medo lentamente me consome enquanto eu fico esperando a hora chegar. Eu não tenho solução pra nada e cada nova escolha me prova ainda mais que eu não estou nem perto de estar pronto. Isso me deixa sem ar, me deixa sem forças, me deixa vendado e algemado em algum tipo de encanamento corroído pelas ferrugens de onde saltam gotas geladas de água que escorrem lentamente por entre meus braços. E eu ali. Sem virgulas, sem saída, sem sentido, sem objetivo ou ambição, sem razão alguma.

E por mais que eu ignore e experimente a vida que me cerca, o vazio da incerteza ainda sim suga a paz do meu espírito e na necessidade doentia e moderna de ter que controlar tudo o que me cerca, no imediatismo dos dias das horas vorazes e na vontade inevitável de ser tudo o que possam me oferecer eu me esmago e perco o foco e o tempo que eu tanto precisava ter. É uma teia invisível e eu fui pego enquanto voava distraído e sem rumo. Pelo menos a vista aqui é boa.