quinta-feira, 27 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Uma questão ente todas as outras
Qualquer resposta, responde qualquer pergunta
A minha forma de dizer, pouco importa
Tudo o que há pra SER DITO, DITO HÁ DE SER
REVERTER
RECOMPOR
REESTRUTURAR
FORMAS SÃO PERMISSÕES, LIMITES
EXPERIMENTOS NOVOS DE QUALQUER LIBERDADE
LIBERDADE, AINDA QUE VIGI?
HOUSTON, WE
HAVE A PROBLEM.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
seykensou
esse sou eu
e eu não tenho nome
me chame de qualquer coisa
tanto faz
afinal, qual é a minha probabilidade de ser alguém?
Quem? Eu?
eu sei quem sou.
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Sou capaz de me perder em inúmeras coisas
Mas em poucas me perco tanto quanto em você
Se eu tivesse obrigação com a verdade na literatura
Poucos nomes seriam lidos em minhas palavras
Nenhum deles mais vezes que o seu
A verdade é que não adianta que se esconda a verdade
E a verdade é mutável, efêmera, astuta, elástica
O que cabe oculto em palavras não conhece limite
Se revela e some
Se encaixa ou explode
Nasce e faz morrer
Por isso repito mais uma vez
O que cabe oculto em palavras não conhece limite
Nutro diversos sentimentos
Encharcam-me a cama milhares de memórias
Milhões de intenções
E perdem-se com o tempo as lupas da realidade
Afinal, como construímos vínculos?
Ligas que se entrelaçam e se perdem
Ventos que sopram e máres que dançam
No ritmo absoluto e incontestável
Do maestro acaso e seu amigo tempo
É que vida é feita do que vem, do que fica,
Mas mais ainda do que vai
Nessa nossa impermanência constante de nós mesmos
(ser, não ser, ser, não ser)
Nesse transformar irrefreável do vivenciar
Sou capaz de me perder em inúmeras coisas
domingo, 9 de outubro de 2016
De todas as coisas passou a se
lembrar das mais aleatórias. Era previsível que o retorno trouxesse as margens
da memória à imagem e expandisse o ainda existente vazio da ausência. Porém,
para além de toda e qualquer previsão, acima de toda e qualquer precaução, lá
estava àquela presença tomando cada cômodo da casa com uma cena do passado que repetidas
vezes lhe custava à sanidade. Como uma série de pequenos gifs que se
reproduziam automática e imediatamente após o primeiro passo para dentro de um
novo espaço.
Começou com o banheiro. No
espelho foi capaz de ver-se no passado ao lado dela. Em absoluto silêncio
escovavam os dentes. Foi capaz de sentir o peso daquela presença já a tanto relegada
ao status de algo intangível. Sem procurar encontrou o cheiro do passado.
Quando deu por si já estava se perdendo pelas curvas do pequeno short de pijama
cinza e não mais que de repente, viu-se confuso em frente ao espelho. Enquanto
enxaguava a boca pensou por instantes ter entrado em uma máquina do tempo.
Nunca antes havia literalmente vivido uma memória como naquele instante.
As demais lembranças talvez nem
fossem assim tão verdadeiras. Mas a urgência que sentia em retomar o hábito da
escrita o fez alimentar essa sensação de uma memória inundante, já que estava
claro que esse seria um tema prazeroso para que pudesse praticar sob sua mais
recente influência. E assim o fez. Sentou-se diante da tela esbranquiçada,
acendeu a pequena lâmpada a sua esquerda e apagou a luz principal. Por alguns
minutos vagou cegamente atrás de uma musica que julgasse ser adequada para
conduzir-lhe até o tão desejado nível de inspiração produtiva, mas não obteve
sucesso. Por fim, escolheu uma musica qualquer que terminou minutos depois e
foi assim sucedida por um grande silêncio.
A essa altura já havia deixado a
temática da lembrança pra trás e se emaranhava num estranho tecido narrativo no
qual buscava dizer sobre uma só coisa de mais de uma maneira e ao mesmo tempo.
Por fim percebeu que havia uma simples maneira de costurar todas as informações
que havia atirado na superfície branca de seu papel virtual e por alguns
segundos apenas segurou o queixo com as mãos, acariciou a própria barba e
suspirou suas inúmeras desventuras naquele apartamento. Sentiu vontade de
fumar, sentiu vontade de beber. Sentiu vontade de poder reviver outros momentos
da mesma forma e com a mesma intensidade daquele em que a memória se fez de tempo
presente no banheiro. Um misto estranho de lamento e satisfação preencheu seu
peito.
Tomou consciência de que
inconscientemente já se preparava para o fim daquele ciclo. Aquele que dois
anos e seis meses antes havia sido colocado como o limite para uma realidade.
Sorriu ao reparar quantos começos, meios e fins couberam antes nesse tempo. E
não pensou nem por um segundo que a realidade do então agora tivesse sido algo
totalmente inesperado no começo de tudo. Pelo contrário, chegava nesse ponto
com a certeza de que nunca tinha tido certeza alguma do que poderia ter
acontecido. Essa afirmação era o bastante para que tudo o que ocorreu se justificasse
instantaneamente.
A página chegava ao fim e ele
resolvia ceder ao desejo de um cigarro e a tentação de seguir sua leitura de
cem anos de solidão. Era dia dez de outubro de uma enorme e incerta força
naquele ano de dois mil e dezesseis.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
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