segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

fim

Encontrar

Sábio fez quem se foi

Mas onde?

Você não é nem louca de pensar assim

Sem mim

Quando é tempo morto

Não me apego mais as voltas do relógio

Não me apego mais as definições do homem

Sobrevivo, por sobreviver

Por instinto eu admito

Por insulto eu suporto

É só assim

Aceito e sigo

Pra poder olhar na cara do seu medo

E rir por dentro, mesmo que sangre por fora

Não tenho tempo

Não assim

Acredito em pequenas vozes e grandes palavras

Em gestos em resposta

No exemplo

Na verdade

No honesto

No real e acima de tudo, imperfeito

Acredito que estar perdido é meu direito

E que se fosse pra encontrar alguma coisa

Eu comprava um GPS

Parece fácil, mas é difícil

Um belo dia você vai ter que aprender...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Reflexivo


Suas cordas

Tempo e pés

São três

Olhos

Vozes e anéis

São seis



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

sentindo

Não faz sentido ter que ter sentido. Não pra mim. Eu aprendi a desaprender. Eu aprendi a deixar acontecer e morri. Se hoje eu estou morto, então pra que fazer sentido? Não há sentido algum em ler as palavras escritas por um morto. Não faz sentido ter que fazer sentido.

A vida é um conjunto de traços que se atropelam

A vida é um conjunto de luzes que acendem e apagam

A vida é um punhado de notas de dinheiro

A vida é o cigarro que queima no cinzeiro

A vida é paz, mas a paz não está na vida

Alicerce de concreto

Machado, espeto, teto

Rádio relógio, aparelho digital

Trocado, mestrado, hospital

A vida é o preço de querer estar certo

É a poesia que se esconde

O mendigo debaixo da ponte

A hora que não passa

A trepada na escada

A amizade que nunca acaba

Não faz sentido ter que ser sentido. Não faz sentido querer que tudo seja divertido. Não faz sentido dizer que o mundo é lindo. Não, não faz sentido encontrar o que não estava escondido, descobrir o que não estava encoberto, despertar sem ter adormecido. Não, não há sentido!

Se o mundo fosse honesto o seu deus não ia precisar ser tão bonito. O mocinho não seria o bandido e ninguém diria que nós estamos perdidos. Não há como se perder, sem nunca ter se encontrado. Não há como aprender sem ganhar ao menos um machucado. Não há como aprender sem que se entenda que sim, você está errado. Acho que eu fui enganado.

Não faz sentido sentir.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Meu peito anseia o chão
E corre, corre, corre
Depois de tanto dito
Ele sangra e chora e morre
De nada vale a vida intensa
De nada vale o bolso cheio
De nada vale a hora curta
E corre, corre, corre
Meu peito arde, gela e cala
Mas ninguém me vê
Mas ninguém me ouve
Se sou só mais uma dor
Quanta dor pode haver nesse mundo?
Quanta dor há de ter esse mundo?
Eu quero que tudo exploda como explode aqui meu coração
Quero que tudo seja sincero como são as minhas letras
Quero que o mundo se dispa de todas as suas inverdades e se aceite
E permita e entenda e consiga e conviva e coexista em paz
Quero que o mundo acabe
Que esse mundo acabe e que as pessoas sejam mais
Mais que coisas
Mais que fotos ou perfis, mais que fins ou meios
Meu peito anseia o chão
E o chão está proximo

reis magos e Guinnevere

Que se faz

Se tem feito

Desfazeres

O desfeito

?

Que se faz

Se tem feito

Desprazeres

O desejo

?

Que dia é hoje?

A morte bate a porta

A morte bate o ponto

Me apronto

Desaponto

Espero

Procuro

E cedo;

Ou tarde

Me entrego

Bate a hora

Bate o sino pequenino

Meu despertador

Desperta a minha alma

Me tira do meu sono e minha cama chora

Eu perco a voz, eu perco o mundo

Eu perco a vida

Entristecida pela minha partida

Primeiro desvio

Ultima saída

Voz, e vós

Nós e anzóis

Luminescência

Descrença

Busca

Luta

Tua

Como se tivesse arma

Como se estivesse em Tróia

Desce, mata e morre em má vontade

Veste e sangra por um nome que não é teu

E vê seus reis ruírem as conquistas de outrem

Pão e circo e dois leões por vez

Sangra teu sangue que eu aplaudo a tua dor

Parabéns

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

do passado ao passo dado

Eu não enxergava o que eu dizia

Não sabia o que fazia

Eu sentia e ia e ia e ia

Era tão bom que nem podia

Era tão bom que nem sabia

Era tão dom que eu nem sentia

E ia e ia e ia...

Vocês são o que me resta. Letras. Malditas e formatadas letras. Vocês que se definem, que se restringem aos seus significados. Vocês que não podem dizer nada por mim. Não podem dizer nada. E nada, é tudo o que eu gostaria de dizer em alguns momentos.

Vocês não podem soar como um traço de pincel numa tela branca, ou como uma nota que ecoa no vazio de um palco. Vocês não podem ser a pedra que se quebra em busca de uma forma nova. Vocês são isso, são definições, são conceitos, são valores...

Por isso eu digo com todas as letras, eu odeio vocês. Odeio cada a, cada e, cada c ou cada b. Eu odeio todas vocês e a sua incapacidade de me satisfazer. Odeio estar preso ao vício de busca-las como alívio, mesmo sabendo que em vocês dificilmente encontrarei algum conforto. Odeio a forma como eu não consigo destruí-las. Eu odeio ser mais fraco que vocês.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

vinte e seis

Insuficiente.

Essa é a definição.

Não basta.

Não sacia.

Não cura.

Não resolve.

Não conforta.

Tem dias em que mundo assim me faz.

Tem dias em que o mundo assim me é.

Tem dias em que eu sempre quero mais.

Tem dias em que falha a minha fé.

Não são palavras, não são gestos, não são definições.

São as perguntas erradas e as velhas contradições.

As horas lentas, as certezas, as belezas, as prisões.

Sou eu num mundo meu, sou eu no nunca ser.

Só eu.

E a carga do egoísmo, da falta do desapego, do poder ir sem medo.

E pesa, se pesa, como pesa.

“Ora se não sou eu, quem mais vai decidir o que é bom pra mim?”

E se o que eu sou é também o que eu consegui ser...

Quero poder ser capaz de muito mais.

Aceito a condição.