quinta-feira, 26 de novembro de 2009

tralha

Minha mente dói
Uma dor com acento
Uma dor com angustia e lástima
Eu não sou capaz
Eu não tenho forma de me fazer em partes
De me metralhar pelo mundo
De me tralhar sem rumo, sem lógica, sem sentido algum
Apenas o dos seus ouvidos
Olhos, boca, mente e coração
Os seus sentidos, sentimentos divididos entre palavras
Nossas falas gastas por esse mundo frágil e emergencial
Minha mente dói
Dói de tanto procurar um motivo pra essa dor
Dói, pois doer é tudo o que lhe resta nessa terra oca
Dói o grito que eu abafo em cada passo, em cada dia, em cada calçada
Eu não sou capaz
Eu não tenho forma de me aliviar de tudo
Eu não sou tão direto e nem tão coeso
Nem nunca fui tão pouco alheio aos alheios e aleatórios que dividem seus caminhos com o meu
Eu explodo pra dentro
e arroto fumaça de enxofre no meu próprio inferno coletivo

tic-tac-tac-tac

Vou escapar, a vida me cobra um sacrifício novo a cada dia. Sou ruim de pagar, sou ruim de abrir mão de algo tão meu. O tempo se esvai rápido demais e a continuidade da minha existência me parece independente e alheia a qualquer sistema regrado. Se eu fosse acreditar nas profecias que ouvi, deixaria tudo pra trás cegamente, se alguns dos profetas que bateram na minha porta o tivessem feito logo após me anunciarem o fim, talvez eu tivesse razão pra crer em alguns deles.Todos tem medo demais de errar, medo de se arrepender do que fizeram mais do que de se arrepender do que não fizeram. Afinal de contas se até pros profetas apocalípticos existe manhã...

Meu amanhã se parece cada vez mais com um nunca mais. Algo que nunca vai me alcançar até o dia em que não mais exista. Pode parecer complexo, mas eu vejo assim agora e provavelmente vou ver assim também amanhã. O tempo me permite extrapolar as interpretações e dizer o que eu bem entenda, o tempo me permite dizer o que quem quiser entender. Vago mesmo, descoordenado e aleatório, mas no fundo no fundo, milimetricamente calculado.

O amanhã é apenas um fantasma agora, um fantasma que eu nem sei se existe de verdade, algo como uma força usada pra me manter com os pés no chão, uma gravidade temporal. Pra que a pressa? Se tiver que terminar aqui e agora que seja da maneira que é, pois ela é a única que há pra ser, o amanhã pode continuar existindo e permitindo milhões de possibilidades, cada uma delas dependente direta do agora, mas antes de hoje já existiu o ontem e nada vai mudar o ontem, pois apenas esse ontem de trouxe para esse agora. Então de agora em diante não se esquece de que hoje será ontem e amanhã será hoje e depois será também ontem. Tudo o que você tem de certo é o seu ontem, então faça ele bem feito, viva bem agora e amanhã.

domingo, 8 de novembro de 2009

aos homens e ao Deus

Uma palavra
Em busca
Embarca
Provisão
Entrelaça
Coreografia
Uma ala
Outra via
Língua
Dente
Masca
O oceano
Ardente
Entre a água
E o vidente
É fácil
Soprar os ventos do mar
Mãe
Em suas mãos
Em sonho
E intuição
Sorrir sem ar
Após ouvir
A dor do mar
Uma palavra
Em busca
A peça
Que falta
O mar de outro mar
Profundo
Profano
Profético
Pro fim

justificando

Escrevo por falta de outra aptidão artística, acho que sempre fui ingrato a esse habito que me segue há vários anos. Escrevo simplesmente pelo silêncio que escrever me proporciona, pela capacidade de abstrair o mundo enquanto extraio de mim as letras que irão consumir a minha angustia. Escrevo apenas por não poder executar esse exercício de manutenção de outra forma.

Se nesse vazio me perco
Na inaptidão em ser perfeito
Se me canso e me castro
Sem pressa e sem objetivo
Me desalinho da fila
Não me importam os olhos
Não me importam as línguas

Se nesse vazio me enterro
Na indisposição em ser perfeito
Se me nego e me oculto
Sem medo e sem objetivo
Me desafino do coro
Não me importam os olhos
Não me importam as línguas

Se nada parecer tiver sentido encontre em ti um sentimento pra fazer com que tudo possa valer a pena. Entre lagrimas e duvidas acredite.


http://nasuaesquina.blog.com