quarta-feira, 23 de setembro de 2009

5 em 2

Consome a carne
Queima o filtro
Deposito de amarras
Prisão invisível
Acende a luz
Sacia a sede
Depois de mim
Até que seja tarde
Em nada
Pro nada
Por nada
Simplesmente diz
Digo,
Eu?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pão Quente

Era só uma boa desculpa pra que a vida se tornasse menos vazia. Todos os dias eu descia até a padaria as sete e trinta e cinco pra lhe dar bom dia. Algumas vezes lhe seguia e foi numa dessas que descobri onde era a sua casa, depois disso passei a caminhar até três vezes por dia, a tarde, a noite e até de madrugada, a maioria das vezes de madrugada, só pra ver se te via ou simplesmente zelar por seu sono.

Não demorou pra que eu descobrisse que a outro você pertencia, mas a coisa chegou num ponto em que isso em nada interferia. Acho que no fundo eu já nem fazia por você ou por seus olhos verdes e peitos enormes, acho que no fim das contas era mesmo pra ter o que fazer. E foi por isso que comprei o cachorro, aquele branquinho que nem sequer tinha nome, até que um dia uma senhorinha veio puxar papo enquanto ele cagava em frente a sua janela.

“Oh, que bonitinho! Como chama o cachorrinho?”

E ai sem saber o que responder eu disse que o nome dele era Aristeu.

“Nossa! Igual ao meu marido!”

Confesso que nesse momento eu me assustei um pouco, mas mal sabia eu o que iria acontecer ainda não é? Foi ai que saltou pra fora da janela naquele sol de outono as três da tarde, o seu rostinho lindo dizendo.

“Mãe, traz um chocolate pra mim.”

E a velha mulher do Aristeu quem diria era a autora da sua beleza gritante. Você acenou pra mim daquele jeito tipo “Oi carinha da padaria.” E eu dizendo:

Olá. Como vai?

Fui acompanhar sua Mãe as compras. Confesso que depois de duas semanas de amizade com a sua velha eu já não agüentava mais, já estava até repensando se valia a pena todo aquele esforço. Até o dia em ela me pediu pra ajudar a carregar as compras e pela porta da cozinha eu pude te ver só de calcinha e camisetinha vendo tevê no seu quarto. Aquele dia eu passei pelo menos duas horas no banheiro.

Mas bom mesmo foi quando ela me disse que ia viajar e me pagou cinqüenta reais pra ir até a sua casa regar as flores dela. No primeiro dia eu não reguei flor nenhuma. Passei a manhã inteira no seu quarto mexendo em tudo. Devo confessar uma atenção especial a sua gaveta de digamos roupas intimas. Mas a surpresa mesmo foi no segundo dia, eu já me preparava para passar a noite no seu quarto quando ao abrir a porta dou de cara com a sua chave na mesa da cozinha. Fiquei estático, até que você veio assustada ver que barulho era aquele. De pijama cinza, calça quadriculada e toalha amarrada na cabeça. Simplesmente linda!

Oi. É, o que você ta fazendo aqui?

É que a sua mãe me pediu pra vir regar as flores.

Ah, sim. Tudo bem então. Se precisar de alguma coisa eu to no meu quarto.

Então subi rumo as flores do terraço, minhas pernas estavam bambas, meu coração disparado. Em minha mente milhares de situações aconteciam simultaneamente e na maioria delas nós dois estávamos nus nos amando loucamente em todos os cômodos da casa. Depois de regar todas as flores desci discretamente e quando ia em direção ao seu quarto me despedir tive uma idéia. Subi as escadas, fechei os olhos e me joguei. Com o barulho você correu assustada e ao me encontrar estirado no chão veio me acudir.

Meu Deus! Você esta bem?

Suas mãos em meu rosto, a dor era pouca eu tinha me precavido e arrumado um jeito de fazer bastante barulho. Foi então que de repente nossos olhos se encontraram e em silêncio eu mergulhei em seus lábios. Dois segundos depois os cinco dedos de sua mão direita acertaram minha bochecha e sua doce voz desferiu horrendas palavras para minha pessoa. Levantei e sai sem dizer nada, deixei a chave na porta e passei a comprar pão em outra padaria.

domingo, 13 de setembro de 2009

o que fazer?

A extensão dos dias se modifica de acordo com a situação. Eu saberia o que dizer se houvesse o que ser dito, mas no silêncio eu sempre me embaraço todo. Eu acredito que não sei e por assim acreditar eu acabo por nascer sempre no mesmo lugar. Eu não quero ter sentido eu só quero e sentir mesmo que sentir me faça desmontar. As palavras não me bastam, nem a voz e nem o tempo, o que eu quero Deus ainda vai ter que inventar. E não importa a razão, a posição ou argumento eu nunca vou me entregar. A lua é nova e a vida é sempre e mesmo que nada fosse seria eternamente uma possibilidade. Corto um pedaço de mim em teu nome e no meu peito faz nascer a escuridão? Eu seria bom se fosse um jogador, eu seria mais se fosse um conquistador, eu seria eterno se eu fosse um rei. Mas tudo o que sei, tudo o que posso entre as sobras e destroços, é mapear. E os que tiverem fé, sorte e nada a perder que me sigam até meu próximo erro.

responda

O quão bonito você quer seu céu?
Qual é cor da sua parede?
A dor do seu coração
Qual é?

Como você prefere amar?
O que te faz sorrir?
Você se importa se eu sangrar?

Seus olhos são famintos pela vida
A sua boca se encaixa bem na minha
A sua voz radioativa
A minha vez subversiva

Submissão

O quão bonita vai ser a sua morte?
Qual é o gosto da sua alma?
O som do seu prazer
Qual é?

Como você prefere esquecer?
O que te faz gozar?
Você se importa se eu enlouquecer?

São passos a procura da saída
A sua sorte se parece com a minha
A sua é tão provocativa
A minha é só e entorpecida

céu e som

Confesso que o dissabor das pessoas muitas vezes me tira o gosto da vida
Sei que o problema é meu e acho que bem por isso me adaptei a solidão
Sem ouvidos exigentes ou educação excessiva feita para exibição
Sem julgamento algum ou olhares de reprovação ou desentendimento
Apenas eu em tudo o que eu possa ser capaz de suportar ou gerar
Eu e o meu infinito repleto de desencontros e magnetismo
Apague todas as luzes me deixe alguma recreação
E desapareça junto com todos os outros
Hoje eu quero algo que só eu posso me dar
Quero todas as minhas irrecusáveis verdades

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ilusão programda - 4

Não me lembro quando ou nem onde, tudo o que sei é que ele estava lá, na minha frente, sentado em uma grande cadeira giratória do outro lado de uma mesa de vidro em uma sala de paredes cinza, onde além da mesa só havia uma estante repleta de livros e de poeira. A medida que minha mente recarrega os fatos eu pareço revive-los.

O velho de terno branco e poucos cabelos na cabeça. Tinha dentes podres e fumava um charuto. Batia as cinzas no chão e a fumaça tinha cheiro de canela, sua cara de poucos amigos atravessada por um sorriso irônico ainda me tira o sono em alguns momentos. Não sei ao certo quanto disso tudo é ou foi verdade, quanto mais eu penso nesse momento mais coisas eu lembro e assim fico me perguntando se cada acréscimo não é na verdade pura imaginação. Na duvida só me resta escrever a respeito.

A primeira coisa de que me lembro e que eu entrava na sala por uma grande porta de madeira, ao entrar vi o velho ao telefone, telefone esse que quando eu cheguei perto da mesa percebi que não existia. As coisas naquele lugar eram tão estranhas mas eu parecia não me importar. Nem eu nem ninguém mais.

Depois de tossir um pouco o velho disse. Bom dia meu filho. Quer café? Não, obrigado. Tudo bem então. Você faz alguma idéia do motivo pelo qual eu mandei te trazer até aqui? Não senhor. Eu não faço a mínima idéia sequer de onde estou. Nesse momento ele deu uma risadinha do tipo “Ora essa.” Rapaz, eu lhe chamei aqui para lhe dizer algumas coisas que acho que você deve ouvir. Tomei conhecimento da sua proximidade com algumas pessoas e de algumas de suas habilidades e façanhas. Você não é nada demais. Já vi mais de quinhentos como você ao longo da minha vida e me pergunte onde eles estão agora. Todos acabados! Eu não entendi o que ele queria dizer com “como você”, mas mesmo assim ignorei esse fato. Rapaz. Você tem que entender uma coisa, uma única e simples coisa que faz toda a diferença no mundo em que você vive. A grande maioria, para não dizer todas as pessoas, não quer nem saber o que você acha, o que você sente, o que você vive ou o que qualquer outro que não seja eles mesmos faz. Você meu jovem está sozinho e assim vai estar pro resto de sua vida. Mas senhor, eu tenho muitas pessoas junto de mim que me apóiam e orientam, pessoas que se importam comigo e com as quais eu me importo, e tenho convicção de que elas estarão comigo pro resto da minha vida. Que belo discurso! Você é bem mais cru do que eu imaginava menino. Não sei se me fiz claro, mas na duvida vou esclarecer isso pra você. Quem são essas pessoas? Não! Não me responda ainda. Elas são importantes? Elas são ouvidas pelas outras? Elas tem poder sobre as demais? Elas não são ninguém! Assim como você elas não são ninguém e não importa por quanto tempo ou quanto vocês tentem, vocês serão sempre ninguém! Nada, zero, lixo, porra nenhuma! Entende?! Admito que enquanto ele socava a mesa entre algumas de suas palavras eu pude ver que no fundo ele afirmava tudo aquilo com um certo pesar. O velho se recompôs, sentou de novo em sua cadeira e acendeu outro charuto. Eu não sabia o que dizer e pra ser sincero acho mesmo que não deveria ter dito nada. Alguns segundos se passaram e ele retomou a conversa. Eu estou aqui para lhe fazer uma proposta. Mas me parece que você ainda não esta apto a compreender o que essa proposta realmente implica. Vou permitir que você pense a respeito e tente encontrar em você o sentido de minhas palavras. Nem sempre podemos vencer menino. Nem sempre podemos salvar o mundo. Sei que você tem passado por muitas coisas ultimamente, mas saiba que esse é só o começo. Só o começo.

Isso é tudo de que me lembro. O que eu não entendo é que não consigo encaixar esse acontecimento cronologicamente em minha vida. De um dia para o outro surgiram essas lembranças como se desencadeadas por algum tipo de código ou chave oculta com a qual posso ter estado em contato recentemente. Tudo o que sei é que ainda vou encontrar aquele velho de novo, mais cedo ou mais tarde.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

metralhadora

Eu queria estourar cada pedaço do teu ser
E brilhar no infinito escuro do fundo desse poço
Eu não sou meu trabalho, eu não sou minhas roupas
Sabe o quanto eu fui longe pra poder ouvir esse silêncio?!

Cuspa em mim toda a sua dor e as suas restrições
Foda-se! Eu grito mais alto, eu bato mais forte, eu sangro no chão!
Eu queria encontrar a medida certa, a dose recomendada de frieza
Eu não sou escritor, eu não sou musico, não sou bosta nenhuma
Pimenta nos olhos e uma faca na boca
Pra ver se vale a pena carregar a munição ou acender o pavio

Hahahahahahahahaha

As portas que ficar por trás das paredes e as horas que passam enquanto o mundo se confunde entre consumo e controle. Eu não perco mais a minha razão, eu nunca encontrei a minha forma, eu nunca provei o meu valor. Sou eu quem vou decidir no que tudo vai dar e pra dizer a verdade eu prefiro arriscar, deixar a sorte ou o azar, pra ter alguém pra culpar caso nada de certo. Covardia ensaiada ou coragem demais pra bancar os riscos? Se eu não puder agora, não vai ser nunca mais!

Metralhadora giratória
Aonde foi para toda a sua honestidade?
Onde foi que você deixou a sua raiva?
Quem foi que te domesticou?
Quem foi que te podou?
Onde é que esta aquele brilho nos olhos?
Aquela vontade de conquistar ou destruir?
Aonde esta a sua capacidade de ignorar os olhares?
Aonde esta o seu amor?
Vai aceitar ser só mais um?
Mantenha-se de pé e grite de olhos fechados
O mundo é que esta errado
E fodam-se as probabilidades

não faz mais

Parece que de mim tudo se foi
Como se tivessem retirado cirurgicamente minha capacidade de criar e ousar
Parece que de mim nada restou
Cada gota de inspiração, cada mínimo momento de êxtase

Mas eu nem me importo
Estranhamente eu nem ligo
Não faz mais a menor diferença
Nada faz a menor diferença
Nada apaga da minha mente o teu rosto
Os teus sorrisos, a tua alma
O mundo não é mais nada desde que eu vi você

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

algo perto

Se eu pudesse externar isso em sons
Se eu fosse capaz de alinhar todas essas coisas em notas musicais
Se eu conseguisse me expressar em figuras
Se eu conseguisse modificar o bruto da pedra nas questões da alma
Se eu pudesse tudo isso
Se eu fosse capaz de cada uma dessas artes
Se eu conseguisse ser mais do que só um ser gritante e torto

As palavras não me satisfazem
E por nunca estar satisfeito eu sempre busco mais
Mais, mais, mais!
Sem parar ou pensar
Sem nem mais sentir
Como uma necessidade a ser satisfeita
Como ir ao banheiro
Eu volto até aqui

E grito e giro e sinto
Tudo o que me salta a alma em direção a lama

Eu nunca vou ser grato pelo que tenho
Eu nunca vou ser digno de tudo o que tenho
Eu nunca vou ser o que achei que poderia ser

Mas não me leve a serio
Eu sou só mais um poeta
Ou algo perto disso

caminho

Eu grito no silêncio da minha tevê
Eu sangro entre os dedos que manuseiam o controle remoto
Eu suplico a qualquer crença que me tire daqui
Que me faça voar
Que me isole de toda essa imensidão insana que me cerca
Eu perco os dentes enquanto escrevo textos
Enquanto mastigo meus próprios dedos no teclado do meu computador

Droga!
Que mundo é esse que não pulsa?!
Que mundo é esse que não pula?!
Que mundo é esse que não versa?!

Eu grito entre o latido dos cães na madrugada
Entre os ruídos de passos leves na cozinha
Entre o cigarro e mais uma cervejinha
Eu faço rimas bestas pro meu coração
Eu sito profecias profetizadas em vão
Eu surjo entre o que houver de mais mundano e sujo
Nas calçadas e nas avenidas
No concreto das igrejas que o homem ergueu em nome do Deus que lhe foi mais conveniente
Em nome do Deus que lhe foi mais convincente!

Merda!
Que porra é essa?!
Que bosta é essa?!
Que dor é essa?!

Esse é o meu caminho
Parece que eu estou vazio
Opaco, escasso e frio
Parece que a vida me deixou
Estático, errado e sozinho

Ontem eu era outro
Hoje eu não vou ser ninguém

isso é só

Isso não tem nome
Isso não tem cheiro
Não tem textura
Não tem solução

Isso não tem preço
Isso não tem cor
Não tem medo
Não tem salvação

Isso não tem hora
Isso não tem jeito
Não tem razão
Não tem segredo

Isso não tem força
Isso não tem prazo
Não tem valor
Não tem conceito

Isso não tem técnica
Isso não tem estudo
Não tem método
Não tem intuição

Isso é tudo
Isso não é nada
É aquilo
É assim
É assado
É redondo
É quadrado
É só isso

Isso é só

isso não tem nome

Me deito no berço de toda a loucura
Tentando abraçar o mundo e romper barreiras
A vida é pequena demais pros meus limites
A paz é distante demais para minha alma

Horas que voam contra o tempo
Entre medos, erros e acertos
Chances desperdiçadas entre apertos de mãos

Eu não nasci pra isso
Eu não sou daqui
E por mais que a consciência pese
Por mais que o desejo siga
Eu não consigo
Não cedo, não permito

Me deito no berço das estrelas
Nuvens que dançam sem controle
Sou a essência de tudo o que é solto
De tudo o que é vago e despretensioso
A ausência de qualquer atividade racional
A espetacular vida que brota no impossível
Improvável
Infreável
Incalculável e simples em cada minúsculo pedaço de ser

Noite e dia
Sol e lua
Todos os pretextos pra ser maior
Todos os motivos pra querer ser o mesmo
Cada passo, cada prova, cada peso e cada lua nova
Renascença
Descrença
Ausência

Tudo o que é pouco
Pouco ou quase nada
Em teias de possibilidades
Negação continua e frustrante
Anseios a engolir sonhos
Prazeres e profecias
Belas palavras
Poucos dias

Subo ao altar
Para lhe pedir
O amor

Deixe-me só
Deixe-me surdo
Deixe-me cego
Faça-me absurdo

Contraversão
Intervenção
Solução
Saudação e fraude

Vozes ao pé do ouvido
Chances ao alcance das mãos
E quem faria diferente?
E quem seria mais merecedor?
Não digo não
Não digo nunca
Só agora
Agora e sempre

Pulsa a palavra pesada e impensada
Amanhã
Ou nunca mais

Até breve mundo cão
Universo de vazio e invenção
Solta a minha perna
Que eu quero voar pronde o vento for

E que a mente se perca
No que achar merecedor o coração

fechamento do dia (ontem)

Acordei com um pequeno poema na cabeça, mas ele se perdeu ao longo do dia. O pouco que me lembro é que ele falava de glória, crédito e méritos, mas não enaltecendo, falava de alguém que se desprendia desses pensamentos e objetivos, falava de alguém tão simples que não se importaria em não ser reconhecido, em não ser notado.

Eu não sou esse alguém. Definitivamente eu não sou esse alguém. Assumo isso com uma certa dose de pesar e com um certo tom de esperança de que essa consciência já me torne alguém um pouco mais perto desse alguém tão nobre do qual falava meu pequeno e imaginário poema.

No fundo eu sempre quis ser especial. Sempre quis ter super poderes. Sempre quis que um dia descobrissem que meu cérebro funciona de um jeito diferente ou qualquer outra coisa que me tronasse além do comum de todas as pessoas. No fundo eu sempre quis ter algo que me provasse que eu era diferente e melhor, é isso, sempre quis ser mais do que os demais.

Não sei o quanto disso ou até mesmo se tudo isso é culpa da televisão, dos desenhos japoneses, da sociedade capitalista ou dos filmes de ação. Só sei que no fim das contas isso sempre esteve na minha mente, em cada segundo, em cada palavra, em cada atitude, em tudo o que eu fiz, vivi e sonhei. No fundo por mais estranho que isso possa parecer, isso me fez bem. Por querer ser especial, melhor e diferente eu tomei atitudes mais nobres, mais sensatas, mais corretas, mais arriscadas e em cada uma delas ocorreu um retorno pra minha vida, um aprendizado, uma soma.

O único problema foi aprender a lidar com a frustração de ser mesmo assim, comum. Houveram momentos em que eu sucumbi ao meu ego e me enforquei por ser só mais um, por não ser aquele cara, aquele cara lá que tava se dando bem, que tava sendo o tal, que era o melhor, o maior, o melhor, o maior, o melhor, o maior. Mas no fim das contas por outros caminhos que percorri em outros tempos, encontrei a solução pra toda essa aflição, mas assumo que nunca perdi e nem nunca vou perder o desejo de ser melhor, de sempre ser melhor. Só que agora, eu quero ser só melhor do que o que eu era antes, e que isso resulte no que tiver que resultar.

refugio + trecho de praça

Meu refugio e minha alienação
Meu interioramento monitorado
Minha voz que se esquece de ser
Meus ouvidos captando o silêncio
A beleza do absoluto silêncio
O sol que arde enquanto eu busco em mim motivos pra querer continuar
A vida que me deixa minuto a minuto enquanto eu estático observo o tempo

Meu refugio é minha covardia
Meu comodismo irracional
Minhas mãos que se esquecem de fazer
Minha boca se trancando ao alimento
A fome de vida que me toma as forças
As estrelas que eu vejo nascer e dormir todos os dias
A vida que eu deixo minuto a minuto enquanto o mundo me esquece

“eu não sei pra que lado mais eu vou
tento tanto, mas tão pouco perco o tempo e a direção
percorrendo assim eu vou
persistentemente eu tento insistir em ir
eu sou um otário, angustiado
a minha meta é vaga
infelizmente não dão vaga pra quem vive só sonhando, flutuando,
pela ciclovia num mundo de sonho e fantasia!”