sexta-feira, 16 de setembro de 2016

meus olhos
rompem a barreira
e nada sobra
tudo é vida
é vista, é visão é vislumbre
verossimilhança
versatilidade
verso
profecia, protesto

assino contratos com a incerteza
belezas infindáveis
sentidos incompreensivos
vaidades e vadiagens
conversas mal acabadas
e beijos não dados
toda a crueldade do abstrato

como telhas
como a água
como a última noite de uma criança
como a verdade de um pássaro cego
como a hora de uma lesma

esqueço a dor
mas me lembro
do amor
que eu não tenho
por você
eu deixo ser
qualquer coisa
mesmo que nem faça
diferença alguma
ser assim tão o mesmo de sempre
tão óbvio pra quem já sabe
mas engraçado
nem reconhecer
essa profundidade
tão previsível
na minha lista de materiais
pra mais um ano letivo

são dois em um
um por dois
são cento e dezoito
de novembro
de mil novecentos e lá vai conta
nada contra
é só o destino escarlate
que não me espanta jamais

e a resposta é sim
independente do que se pergunta
a imagem que eu nem reconheço de mim
mais um espelho
outro espectro
e eu nem lá estou
mas vejo
minhas mãos
sua boca
seus cabelos

nem sei onde começa
nem sei onde eu encontro
nem sempre
ou talvez
seja só meu jeito de querer te deixar crer
meu jeito de vencer

se deus é um delírio

então você pode ser a minha religião 

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