terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sou capaz de me perder em inúmeras coisas
Mas em poucas me perco tanto quanto em você
Se eu tivesse obrigação com a verdade na literatura
Poucos nomes seriam lidos em minhas palavras
Nenhum deles mais vezes que o seu
A verdade é que não adianta que se esconda a verdade
E a verdade é mutável, efêmera, astuta, elástica
O que cabe oculto em palavras não conhece limite
Se revela e some
Se encaixa ou explode
Nasce e faz morrer
Por isso repito mais uma vez
O que cabe oculto em palavras não conhece limite
Nutro diversos sentimentos
Encharcam-me a cama milhares de memórias
Milhões de intenções
E perdem-se com o tempo as lupas da realidade
Afinal, como construímos vínculos?
Ligas que se entrelaçam e se perdem
Ventos que sopram e máres que dançam
No ritmo absoluto e incontestável
Do maestro acaso e seu amigo tempo
É que vida é feita do que vem, do que fica,
Mas mais ainda do que vai
Nessa nossa impermanência constante de nós mesmos
(ser, não ser, ser, não ser)
Nesse transformar irrefreável do vivenciar
  Sou capaz de me perder em inúmeras coisas


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