quinta-feira, 7 de abril de 2016

seis páginas

Nem esse lugar, nem o outro e nem qualquer outro novo.
Eu temo que eu me obrigue a comer o petróleo da minha alma.
Volto a encarar telas. Volto a enxergar o vazio em cada uma delas.
Cortaram o fio vermelho, cortaram o fio azul. Removeram toda a pólvora.
Só me resta ser a casca de uma bomba vazia.
Não há nada.
Não há nada que saia de mim. Nada ao que eu dê vida. Nada que me dê vida.
Cortaram a minha conexão.
Minha existência é uma representação.
Cumpro meu papel.
Meus papeis.
Dou entrada na segunda guia de simulação da realidade.
Aguardo a emissão do meu certificado de homem pós moderno em crise de existência.
Carimbam a minha carteira de trabalho.
Um percentual pro sindicato.
Dos homens bomba sem fio vermelho, sem fio azul, sem pólvora.
Nem esse lugar, nem outro e nem qualquer outro novo.
Cavo.
Encaro telas e mesmo onde nelas não há, insisto narte.
Corrompo regras e mesmo quando isso me paralisa, não as aprendo.
Perco a conexão – já não devia haver nenhuma.
Repito a musica.
Fake Plastic Trees.
Clichês só existem para serem aceitos ou criticados e só se transformam em clichês por serem unânimes em algum momento.
Dou entrada na terceira guia de simulação da realidade.
Já estamos quase lá.
Uma página já foi.
Ainda tenho noventa minutos até o futebol.
A conexão foi restabelecida.
O mundo invade meus ouvidos.
Realidade na contra mão da minha busca.
A musica acaba.
Reviso o texto.
Ei, seu polícia.
Prenda esse homem, ele fala matematicamente.
No último assento do ônibus o garoto de preto observa a textura macia dos bancos sob a luz do sol.
Tic-tac-bum.
You do not talk about...
Flashes, flashes, flechas.
A conexão oscila.
Sacaram o meu fundo de garantia.
Confiscaram minha poupança.
Trabalhamos para não morrer quando ficarmos velhos.
Na natureza os velhos morrem.
É natural.
Na natureza não existe piedade.
Ninguém pede pinico.
Ninguém paga penitência.
É anti natural temer a deus.
Amai-vos sob todas as coisas.
Eu já fiz amor nesse chão, nesse sofá. Não. Nessa cadeira não.
Não usai meu santo nome em vão.
Ai meu Deus...
Acho que não leram essa.
Se Deus for mesmo esse de letra maiúscula.
Esse do livro que adoram, da cruz, do filho.
Então ele é um idiota.
E eu me rebelo contra ele.
Carimbam a minha passagem pro inferno.
A quarta via da realidade foi atualizada com sucesso.
Uma parte pro sindicato.
Dos homens que não querem seguir um Deus tão babaca.
Clichês só existem para serem aceitos ou criticados e só se transformam em clichês por serem unânimes em algum momento.
A vida ensina a cada segundo.
É só olhar pro lado.
É só olhar pra fora.
É só sentir por dentro.
Você pode acreditar no que quiser.
Desde que sempre considere que possa estar errado.
E assuma o risco.
Assumir riscos é natural.
Bancos não são naturais.
Economistas são os cavaleiros do apocalipse.
Só não vê quem lucra.
Cavo.
Já saem de mim.
Já ganham vida.
Já me dão vida.
Estão vivas.
Estamos condenados por um Deus babaca.
Assino o meu contrato.
3 páginas.
Em branco.
Jogo o dado azul.
Número 4.
Segunda porta á direita senhor.
O homem de paletó branco parece um médico.
O senhor negro mais alto do que dois homens coça sua barba branca.
Abre-me a porta.
Digo: entre, por favor.
Há um acordo.
E eu me rebelo contra ele.
As plantas morrem.
Mãos se tocam.
Grato pela hospitalidade naquele dia.
Você fez o que prometeu.
Não há nada pra ser dado em troca que não seja dado de boa vontade.
Eu já fiz amor nesse chão, nesse sofá. Não. Nessa cadeira não.
Não foi por mim.
Nem nunca foi.
E todos sabem.
Por isso eu vim.
Pra isso eu quis.
E quem foi que me enrolou aquele cordão?
Do que eu devo me livrar?
Pulso direito, pescoço, tornozelo direito.
Joelho direito, cotovelo esquerdo, bacia.
Quase quatro páginas.
Quatro páginas.
A distância até o ponto final aumentou três vezes.
Não há musica.
Há sim um passado inteiro de quando existir era apenas aceitar a incapacidade de satisfação.
Desertei faz uns anos.
Eu não tenho certificado de reservista.
Meu relógio não funciona.
Estou sempre atrasado.
Como kryptonita no café da manhã.
Já fui chamado de superman por mais de 3 pessoas.
Eu odeio o super homem e seu cabelo.
Senhor, achamos algo!
Regente plutão.
Agulha escarlate.
Gelo.
Também queima.
Terra suga água.
Água dura e pedra fura...
Insira mais créditos para completar a chamada.
Finlândia.
Nápoles.
Agora sim.
Um saci.
E todos sabem.
Por isso eu vim.
Preciso rever Otto no Rio de Janeiro.
Grato pela hospitalidade naquele dia.
Toda incompatibilidade coexiste.
Ela não acreditou.
Eu não consegui.
Nem esse lugar, nem o outro e nem qualquer outro novo.
Eu temo que eu me obrigue a comer o petróleo da minha alma.
A luz negra dos teus olhos.
Guardanapo e mão.
Forte como o aço.
Uma nova mensagem na caixa de entrada.
Curtiram a sua publicação.
Compartilharam a sua dor.
Uma nova solicitação de dimensão.
Escreva na sua linha do tempo.
Tempo.
Desertei faz uns anos.
A distância até o ponto final diminuiu para duas vezes.
Na natureza os velhos morrem.
4.
Ela gosta de saber que com você a hora não passa.
Houve um tempo.
Houve outros antes.
Haverá ainda outros depois.
E depois. E depois.
E em todos eles será agora.
E á sua hora será sempre a mesma.
O tempo é um só e ele é o único deus ao qual eu irei me curvar
. chegamos ao ponto final

Seis páginas.

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