terça-feira, 5 de abril de 2016

retorno

Eu já soube dizer
Já tive voz
Já fui loucura e liberdade
Coragem tão ingênua
Já fui sorte
Dados jogados em esquinas
Em encontros e almas calejadas
Eu já falei sem me importar
Já me importei sem falar
Já cai e escolhi abraçar a certeza do chão
Água, fogo, terra, ar
Coração
Espírito
Luz
Eu já fui
Já vi
“Eu já venci e continuo vencendo vocês todo dia”
Ás vezes eu me pergunto em que canto eu me esqueci
Em que fundo de gaveta está a minha capacidade de ser puro
Atrás de quantas emoções mal resolvidas está á essência que me serviu de base
Eu sou a falta de fundamento
Sou o desespero do descontrole que se transforma na beleza do caos
Abraço o vazio que me toma
Eu sou um buraco negro
Sou a mentira que contam pra todas as crianças
O mato que cresce na minha janela
O barulho que invade os seus ouvidos antes mesmo que seus olhos abram
Eu já gritei
Eu já bati e já fui batido
Eu já perdi e gerei perdas
Já beijei e já fui beijado
Já amei e já fui amado
Mas ainda assim
Não foi o bastante
Nunca é o bastante
E pra mim já basta de insatisfação
Despreparo
Incerteza
A inevitável inevitabilidade
E eu posso jogar meus jogos
Posso armar minhas cartas
Deslocar minhas pedras
Plantar minhas sementes
E desdobrar a vida até que o que eu desejo chegue as minhas mãos
Mas de que adiante se o infinito é uma constante de todas as minhas equações
E decifrar a vida é simplesmente abraçar o incerto e atirar a verdade nos vidros dos carros
É deixar bater. Sentir o ar. Lutar com o chão e se espalhar pelo asfalto quente.
Minha pele é terra, minha alma é ar e a minha fome é o meu deus
E eu vou queimar até o fim, até o último fio de cabelo
E vou nutrir o mundo com as minhas lágrimas
Com os meus sentimentos mais honestos e profundos
Eu não tenho medo de ser quem eu sou
Eu já soube dizer
E ainda sei

Sei ainda mais

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