terça-feira, 14 de setembro de 2010

dê partida

Eu não tenho pra onde ir. Eu me engoli diversas vezes, eu resisti, eu me neguei a ceder ás minhas vontades. Eu me calei. E de tão silêncio eu fui capaz de me tornar ruidoso, eu fui capaz de me tornar pedaço de qualquer vontade minha ou que me fosse conveniente. Eu me tornei partes de mim mesmo, partes capazes de se completarem pelo simples fato de serem apenas partes e cada uma delas trouxe algo novo pra que eu pudesse agregar ao meu todo e sempre incompleto eu.

A velocidade que ás vezes necessito ter, a sabedoria que busco em tudo o que me passa, os sentimentos que me permitem entender a minha existência. Lento, pesado e intenso, veloz, leve e vago. Tanto faz. Eu encontro a forma de acordo com a necessidade de ser, mas ainda assim, sou sempre o mesmo. Uma certeza mutável ou até mesmo uma duvida intransigente. Só mais um gole, cada vez menos. Cada vez menos, mas nunca nada.

Não sei o que me leva a escrever, eu nunca uso uma certa palavra, mas eu ainda assim escrevo sem ela o que com ela eu tenho em mente. É uma limitação disfarçada de estilo ou é algo que eu ainda nem sei explicar o que é? Tanto faz, mais uma vez, tanto faz.

Começo a sentir falta das ruas antes mesmo de deixá-las. Acho que minha melancolia antecipada já me indica qual será o meu destino. Eu vou mesmo fazer isso? As certezas não são tão certas e ainda existe o medo de não ser mesmo capaz de lidar com tudo o que isso ira acarretar, mas quem serei eu se eu não me permitir ser eu mesmo de uma forma ainda mais bruta e ao mesmo tempo mais concisa?

Tem horas em que eu queria saber se eu estou mesmo fazendo as coisas do jeito certo. Tem horas em que eu queria simplesmente poder enxergar o meu futuro se eu for por esse ou por aquele caminho, antes de tomar minha decisão. Eu queria ter certeza de que posso mesmo ser assim tão descaso pra certas coisas e tão interesse pra outras. E se não der em nada?

O tempo só corre. Socorre! Socorre aqui que eu preciso de ajuda! Mas ele nem ouve. Ele nem liga, ele passa e me faz virar passado enquanto o meu futuro se torna cada vez mais presente e eu ainda assim continuo estático e abismado. Puta que pariu, pra onde eu vou? Isso vive se repetindo dentro da minha cabeça. O que é que eu vim fazer aqui? Qual é o meu motivo em existir? A única pergunta com algo próximo de resposta é: O que eu gostaria de ser? E tem outra que já não é mais pergunta, é quem eu sou mesmo. Eu sei quem eu sou. Mas eu não tenho pra onde ir, ou será que tenho?

Eu já começo a sentir falta das ruas...

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