terça-feira, 7 de junho de 2016

tudo isso é silêncio
ocupando todo o espaço vago
preenchendo cada canto empoeirado
em cada gaveta vazia
e no armário que agora já nem faz mais sentido
pendurado nas paredes
comendo as plantas mortas
e na geladeira junto das garrafas d água
silêncio
todas essas letras são silêncio
todas as fotografias são silêncio
todos os novos projetos são silêncio
e acordar atrasado é silêncio
e ver nascerem novas sensações
e ver surgirem novos carinhos
novos amigos, novos sonhos
e aprender mais e suportar mais
e meditar
e comer o arroz da minha mãe
com ovo e requeijão
brincar com o gato
varrer o quarto
e lavar as roupas
silêncio
novos sons
velhos sons
desconstruções e afetos
sim e não
cedo e tarde
loucura e lucidez
tortura e prazer
esperança e saudade
tudo é silêncio
é força
é bruta dor
feito mármore
onde eu me sinto Berdini ou Corradini
fazendo finos véus
sentindo a textura de peles e carnes
saboreando calor e suavidade
em estruturas rígidas e frias
moldar silêncio
comer silêncio
sonhar silêncio
amar silêncio
florescer silêncio

romper 

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