quinta-feira, 7 de julho de 2016

Você fica indo de um lado para o outro. Abre janela, fecha janela. Varre a sala, tira o lixo. Encontra o que não quer ver e se fecha. Recebe uma ligação, um recado, uma deixa. Deixa quieto. Vai com tudo.

Você se perde entre labirintos imaginários. Se desliga da verdade e vive o sonho que passa na sua cabeça. No intervalo de uma cena pra outra, um recado dos patrocinadores da memória. Você sem lembra? Como se tivesse forma simples de esquecer.

Você vai pra uma festa. Você perde a sanidade, a dignidade o pudor. Se afoga em um copo cheio de torpor, se perde entre curvas novas e sorrisos radiantes. Imagina, cria, diz a verdade, se entrega e se expõe com uma coragem tola. Você dança o silêncio da sua solidão e abraça as incertezas pra dormir mais confortável.

Você troca ela por ela e ainda assim sempre tem uma “Ela” que preenche o seu peito e a sua imaginação como uma forma capaz de assumir tudo o que você quer um dia entregar de novo a alguém. Nada além de você mesmo e seus cacos mal remontados.

Você se acha, você se deixa ir, você se permite romper um limite novo e nele encontra paz ou perturbação, mas não faz diferença. Você sabe que tudo o que pode fazer é ir e ser do jeito que escolher ser sem pensar. Você deixa o despertador tirar mais uma soneca e se esquece do que diziam os seus sonhos.

Você busca conforto em qualquer coisa. Lê o horóscopo e acredita que esse vai ser um bom dia. Você vê ela ao seu alcance, mas prefere ficar quieto e esperar que ela te diga sim ou não. Que te mande um link ou que puxe qualquer assunto. Você tira mais uma foto que não ficou boa. Escreve mais um texto que não ficou bom. Ouve mais um jazz que te prova que você jamais vai ser capaz de se expressar musicalmente se não se dedicar a isso.

Você tem tentado se dedicar. Mas nem sempre é fácil. Você se segura, você engole suas vontades e dá assas a sua imaginação enquanto roteiriza encontros amorosos. Você se liberta. Mas quando se dá conta enxerga o fantasma do antigo amor de canto de olho. Escolhe sorrir. Não há magoa que vença o bem querer. Você deseja sorte, força e coragem pra si e para todos.


Você escreve um texto. Você respira, você espera. Você vive mais uma vez. 

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